Cada vez mais se fala na síndroma de hiperactividade e défice de atenção (SHDA), chegando-se ao exagero de classificar como hiperactiva qualquer criança "que se mexe" ou com défice de atenção qualquer uma que se distraia. Na minha experiência tenho tido um crescente número de pais e familiares preocupados com essa hipótese, embora na esmagadora maioria dos casos nem se ponha a questão sequer de uma suspeita, dado que são crianças normais e saudáveis, que depois de metidas o dia inteiro em espaços fechados precisam de se expandir e de dar largas à sua energia.
Algumas crianças têm SHDA, em que existe uma perturbação da atenção ou um excesso de distracção, associados ou não à hiperactividade. Durante muitos anos esta síndrome só era diagnosticada depois da entrada no 1.o ciclo, quando a criança começava a dar problemas na sala de aula ou a ter insucesso escolar. Agora, contudo, com o maior conhecimento da maioria dos pais e profissionais, os casos começam a ser detectados mais cedo. Os estudos que as neurociências permitem e o resultado dos tratamentos mostram que, falando de um modo coloquial, "o sistema operativo" das crianças com SHDA não é exactamente o mesmo da maioria, criando alguma dificuldade na gestão da informação e na capacidade de concentração e atenção.
Para lá de uma componente genética, testemunhada pela maior incidência quando algum familiar próximo tem o problema (embora muitas vezes sem o saber), várias causas ambientais têm sido referidas, embora nada se prove. Temos pois de estar atentos, mas sem exageros, de modo que as crianças saudavelmente irrequietas ou distraídas não sejam apanhadas na malha da doença.
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