sexta-feira, 21 de maio de 2010

Mãe, já tenho uma desculpa para não comer os brócolos!

Estudo de Havard diz que pesticidas nos vegetais aumentam probabilidade de crianças sofrerem de hiperactividade.


 Ter uma razão válida para não comer a sopa e deixar os brócolos de lado é tudo o que os miúdos querem, mas o assunto é sério. As crianças expostas a elevados níveis de pesticidas aplicados nos legumes e nas frutas têm maior probabilidade de vir a sofrer de hiperactividade e deficit de atenção. Cientistas dos Estados Unidos e do Canadá vigiaram de perto a alimentação de 1139 crianças entre os 8 e os 13 anos e descobriram que aquelas que tinham níveis residuais mais altos de pesticidas conhecidos como fosfatos orgânicos apresentavam duas vezes mais riscos de sofrer de hiperactividade.

O estudo da Universidade de Harvard foi publicado no início desta semana na revista científica americana "Pediatrics" e pela primeira vez ficou estabelecida uma relação entre exposições normais aos insecticidas organofosforato (frequente em frutas e legumes) e maior propensão para a hiperactividade na população infantil dos Estados Unidos. A influência dos pesticidas no comportamento dos mais novos já tinha sido provada anteriormente, mas esta investigação revela que, mesmo a exposição a níveis normais, pode ser prejudicial. No estudo, os compostos foram encontrados na urina de 94% das 1139 crianças analisadas.

Mas a exposição aos agrotóxicos, usados para exterminar pragas ou doenças que causam danos às plantações, não está só relacionada com o deficit de atenção, hiperactividade e problemas de aprendizagem, podendo causar outros danos em qualquer faixa etária. "O actual estudo soma-se às evidências acumuladas anteriormente que relacionam níveis mais elevados de exposição a pesticidas a consequências adversas para o desenvolvimento do cérebro", escreveram os investigadores na publicação científica.

Apesar dos pesticidas de uso doméstico serem comum nos Estados Unidos, os investigadores descobriram que a principal fonte de exposição para a população infantil advém da alimentação. As crianças estão mais sujeitas aos danos dos pesticidas por consumirem mais resíduos do que os adultos em relação ao peso corporal.

A alimentação aliás é um dos principais factores a ter em conta quando o objectivo é cuidar de uma criança hiperactiva, explica Linda Serrão, presidente da Associação Portuguesa da Criança Hiperactiva. E é por isso que a formação dos pais é tão necessária, defende a dirigente da associação, esclarecendo que em Portugal há cerca de 100 mil crianças e adultos a sofrer desta doença.

A família de Linda Serrão está também incluída nessa população já que tanto ela como o marido e os três filhos são hiperactivos. "Com o tempo fomo-nos adaptando e percebendo que uma alimentação bem cuidada é uma das principais causas para o nosso bem-estar". Moderar o açúcar é a chave do sucesso.

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